quarta-feira, 4 de abril de 2012

Soundgarden - Superunknow (1994)















Se teve um ano que para o movimento grunge foi bem intenso, esse ano foi 1994. Fora o fato da música de Seattle ter ficado conhecida mundialmente através das rádios e da MTV três anos antes, 1994 foi marcado pela triste notícia do suicídio de Kurt Cobain. Mas de contrapartida também pelo lançamento de "Superunknown", quinto álbum do Soundgarden, que foi um mega sucesso.

O grupo formado por Chris Cornell, Kim Thayil, Ben Shepherd e Matt Cameron entrou para o estrelato e reconhecimento mundial, ganhando Grammys, participando de programas como "Saturday Night Live" e sendo exaustivamente tocado em rádios e na MTV após ter ralado por aproximadamente 10 anos nos palcos de Seattle e dos EUA. Por sinal, a banda se tornou uma das queridinhas da até então gravadora A&M.

Considerado o melhor álbum da banda, "Superunknown" traz um som mais "refinado". Experimental, eclético, com as evidentes influências de Beatles, Led Zeppelin, David Bowie e mantras hindus, o álbum revela um Soundgarden mais maduro, com canções mais elaboradas, um tanto austeras, melancólicas, porém tudo muito bem executado. Claro, sem tirar o som do metal tradicional dos caras.

De quebra, "Let Me Drown" abre o disco rasgando tudo com o peso do metal, Chris fazendo vocais que dão à música uma aura maior e mostrando o por quê de ser um dos cantores mais conceituados que existem. "My Wave", um baita rock 'n roll com uma pegada a la Steppenwolf e "Fell On Black Days", cujo refrão é o resumo do que foi o Grunge ganharam clipes para MTV, sendo a segunda mais conhecida no mainstream.

O álbum vai navegando por entre músicas densas e pesadas como a metaleira "Mailman", a stone-rocker "Head Down" - com uma finalização épica; belos riffs de guitarra como na faixa-título "Superunknown" e a lisérgica "Black Hole Sun", que se tornou praticamente um hino, o maior sucesso da banda e um dos maiores da década de 1990.

O que incrementa o ar de curiosidade perante ao disco foi a participação de um artista de rua, muito conhecido de Seattle, chamado apenas de Artis. Ele quem gravou as colheres que batucam em "Spoonman", cuja letra foi inspirada nele. Uma das faixas mais representativas e pesadas do Soundgarden, a música foi escrita e composta por Chris, quando estava ajudando a criar a trilha sonora do filme "Singles" (estrelando Matt Dillon e Briget Fonda, 1992).

 "Limo Wreck" fala com melancolia sobre temas como fome, egoísmo e fim do capitalismo.  "The Day I Tried to Live" fala sobre ter um dia ruim, com certo ar "hard-rock dramático". E como em álbuns anteriores, Soundgarden mostra um pouco de sua influência punk em "Kickstand". Digno de roda.

Agora, a sequência de "Fresh Tendrils", "4th of July", "Half" e "Like Suicide" é algo interessante. A faixa 12 traz o peso metaleiro, lembrando um pouco The Cult até. A conseguinte parece um enterro de algum ditador, porém com guitarras. 

Com exceção de "Half" que é uma espécie de mantra gravado pelo baixista Ben Shepherd, "Like Suicide" completa a sequência mórbida, soando como um lamento.

Porém, pra ter um final feliz - alegre ao menos - "She Likes Surprises" fecha o álbum falando sobre tendências jovens dos anos 90 e exalando Bob Dylan, John Lennon e David Bowie pelos esporos.

Em termos de produção, a banda ficou no estúdio Bad Animals em Seattle por entre julho até setembro de 1993. Eles, junto do produtor Michael Beinhorn e Brendan O'Brien, trabalharam incessantemente no material. Ou conforme Chris disse na época: "Beinhorn ele estava tão por dentro dos sons e de tudo, que era quase anal. Isso nos irritou muitas vezes..."

Tudo bem que todo processo criativo é duro, porém o trabalho rendeu a um Grammy de Melhor Disco de Rock em 1995, 5 Discos de Platina e estreiou em primeiro lugar na Billboard em 1994. 
Com certeza esse álbum é o que melhor traduz em sons o clima e a atmosfera de Seattle...




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