terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Lobão - Sob o Sol de Parador (1989)
















Eis mais um ótimo disco do Lobão. Nessa época, a base que acompanhava o cantor era a banda Os Presidentes - formada pelo incrível Rodrigo Santos no baixo, o lendário Kadu Menezes na bateria, os mestres Alcir Explosão e Ivo Meirelles da Estação Primeira da Mangueira na percussão e o guitarrista-solo Nani Dias.

Sob O Sol de Parador é o quinto disco do Lobão e tem elementos desde country music até punk e heavy metal. Gravado em Los Angeles , o álbum foi produzido pelo Liminha e é o segundo a conter a participação do núcleo de bateria da Mangueira (a primeira vez foi no antecessor Cuidado! em 1988 - em breve será resenhado aqui também).

O disco já abre pra cima com "Panamericana", um baita rock n roll com pegada forte nos acordes. A letra é incrível e fala do cenário político-social da América Latina. Uma bela crítica e visão.

"Quem Quer Votar" é puro punk rock, com influência do punk paulista dos anos 80. Com bons improvisos de baixo no refrão, a música tem um coro impecável e letra recheada de cunho político. Total Inocentes, Garotos Podres, entre outros.

"Essa Noite Não" é o maior sucesso desse disco. A canção ocupou as rádios e paradas de sucesso em 1989. É uma balada com tom brejeiro, solos praianos, uma coisa bem calma. Essa música voltaria as paradas em 2007 quando Lobão a regravaria em seu disco Lobão Acústico.

"Um Bobo Pra Cristo" é pesada, com solos de saxofone de Zé Luis, amigo longa-data do Lobo. Kadu desce o braço na bateria, é cada porrada que ele dá na caixa...A letra em si poderia ser o cantor brincando com o fato dele ter sido preso e perseguido por juízes e até pelo então presidente José Sarney? Tirem suas próprias conclusões.

"E o Vento Te Levou" é heavy metal. Pesada, começa com um belo arranjo de violão e parte para um clima mais sombrio, algo lembrando Motley Crue. Ela fala do já finado e desgastado relacionamento com a atriz Daniele Daumerie. Destaque para o solo que Nani faz! O refrão é lindo!

"Azul e Amarelo" é uma linda canção do Cartola que o cantor regravou. Com jeitão latino-salsa, é puramente MPB com saxofones e percussão. Poderia estar em algum disco de Fafá de Belém.

"Uma Dose a Mais" tem momentos pesados e austeros, mas na maior parte é rock mais suave com Zé Luiz arrebentando no sax.

A country music e bluegrass dominam em "Lipstick Overdose". É engraçada. E o refrão vicia! "Sexy Sua" é um blues-erótico a la Robert Palmer com um momento heavy metal onde mais uma vez Nani mostra sua técnica e velocidade. Música para fazer sexo. Ou para dançarinas fazerem strip no pole dance.

O álbum fecha com a balada "Toda Nossa Vontade". Com piano e tom de John Lennon, a canção é como se fosse uma despedida.

Aqui segue uma entrevista de 1989 no programa do Jô Soares onde Lobão toca em voz/violão "Quem Vai Votar". Confira:







quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Lobão - Vida Bandida (1987)















Esse com certeza foi um dos discos mais importantes na década de 1980 para o rock nacional em si e o de maior repercussão do Lobão.

Vida Bandida é o terceiro álbum do músico e foi gravado em meio a época mais turbulenta de sua carreira: quando foi preso por uma quantia risível de maconha. A citada importância deste disco foi porque no ano de lançamento vendeu aproximadamente 350.000 cópias (até mais se duvidar!); uma verdadeira proeza em termos de rock no Brasil, lugar onde vender 100.000 cópias é motivo de abrir champagne e sendo que esse tipo de música não é muito popular aqui (apesar de que naquele tempo o rock estava super em alta).


Quatro das 10 músicas do álbum ocuparam os primeiros lugares nas rádios do segmento. A turnê que se sucedeu vendeu horrores de bilheteria, com estádios, casa de shows lotadíssimos. Mas com todo o sucesso, veio a perseguição que Lobão teve de enfrentar por parte da polícia, juízes e mídia que tentavam sabotar seus shows e/ou vasculhar motivos para colocá-lo novamente na cadeia.

Por durante três meses, o cantor teve que conciliar os horários de gravações com a sua estadia na cadeia. Era liberdade condicional - retornava à noite sempre. E de fato, por estar passando por muita pressão e estresse, acabou que essas emoções transpassaram por sua voz. Ela está mais grave, um tanto mais agressiva. O disco em si tem mais peso do que O Rock Errou e tem contribuições do baixista/poeta/escritor Bernardo Vilhena em várias letras. A bateria foi gravada por ele mesmo, coisa que não fazia desde Cena de Cinema. Tudo isso produzido pelo lendário Marcelo Sussekind.

A faixa-título abre o álbum rasgando tudo! É sem dúvida um dos grandes sucessos dele - talvez o maior. Como ele mesmo relata, a letra era dum poema que o Bernando publicou nos anos 70 chamado Atualidades Atlântida. Com peso hard rock e levada suingada, meio sambista, juntou a música ao poema, e foram feitas algumas repetições de palavras (coisa de baterista): "Chutou a cara do cara, a cara do cara caído/ Traiu o seu melhor, o seu melhor amigo..." Aqui o cantor fez uma homenagem ao pessoal da cela 11 ("Aí galera da onze!"), local ficou preso no primeiro mês. O refrão "Vida! Vida, vida, vida, vida bandida!" é um verdadeiro hino, um grito de guerra. Um clássico do rock nacional.

"Da Natureza dos Lobos" tem bateria forte. Ela oscila em momentos calmos com vocais que lembram algo em torno de Rita Lee e de rock n rolla la Jethro Tull.


As guitarras cheias de chorus em "Nem Bem, Nem Mal" dão total cara de rock anos 80 à essa música. Este efeito foi exaustivamente usado naquela década por quase todas as bandas de rock no mundo inteiro, a ponto de criar uma identidade inconfundível. Aqui o Lobão deu um toque até bem americano. Mesmo se você a ouvir hoje desavisado(a), vai conseguir deduzir que no mínimo foi gravada há uns 25 anos atrás. O refrão é viciante!

"Soldier Lips" é em inglês. Um blues bem ao estilo danceteria, meio erótico. Tem vocais femininos ajudando no refrão e guitarras ao fundo arrebentando.


"Girassóis do Mundo" tem balanço mpb, meio salsa, com percussão e arranjos de saxofone que dão toda a graça à música. Poderia estar em algum disco do Caetano Veloso ou Gilberto Gil. "Esse Mundo que eu Vivo" faz lembrar alguma coisa do Billy Idol, Sessão da Tarde(???).
É puramente hard rock.

Muitas pessoas pensam que "Vida Louca Vida" é do Cazuza, mas não. Com riff lembrando um pouco de Van Halen, o refrão levanta-estádio é um marco . "Tudo Veludo" é música pra dançar junto com a namorada em um baile de formatura. É uma balada que abre com um belo solo e letra retratando certa tristeza romântica.

O hit "Rádio Bla" abre com saxofone e ar latino suave, pra depois virar rock/pop.
A letra é em parceria do vocalista do Hanói-Hanói Arnaldo Brandão, Lobão e o poeta Tavinho Paes. Grande momento do álbum.

O disco fecha com "Chorando no Campo", uma canção voz/violão e efeitos de teclado. Aqui Lobão tenta mesclar folk com choro e mostra como é bom compositor, com letra romântica e acordes muito bonitos. Essa música ocupou também as paradas de sucesso por entre 1987-89.

Sem dúvida é um clássico pra se ter na prateleira!